terça-feira, 12 de outubro de 2010

História Colectiva Itinerante em acção

Nesse tempo remoto, eu era muito jovem e vivia com os meus avós numa quinta de paredes brancas da Rua Ocharán, em Miraflores. (...)
Mario Vargas Llosa

Era uma quinta grande repleta de animais e com abundantes hortas com a qual os meus avós, António e Deolinda, se governavam.Frequentemente, pela manhã, lá ia para o mercado a carroça cheia de produtos fresquinhos: ovos, leite, frangos e outras carnes. A estes juntavam-se harmoniosamente cestas de vegetais e de fruta.
(8ºF, EBIASM)

Lembro-me do meu avô , de cabelos grisalhos, de bigode farfalhudo, com a sua inseparável boina, conduzindo por caminhos acidentados a velha carroça. Enquanto isso, a minha avó Deolinda, de rosto marcada pela passagem do tempo, dedicava-se à lida da casa. Recordo-me, como se fosse hoje, da sua deliciosa marmelada que libertava um doce travo a canela pela casa.
(9ºE, EBIASM)

A vida na quinta começava bem cedo, pois quando os meus avós se levantavam ainda o sol estava a nascer. A minha avó, mal se levantava ia à capoeira buscar ovos frescos, para fazer um delicioso pequeno-almoço ao meu avô, que adorava saborear umas boas panquecas acabadinhas de fazer, bem recheadas da tão famosa marmelada da avó Deolinda. O avô António, depois do pequeno-almoço ia dar milho às galinhas, feno aos cavalos, ordenhava as vacas e, logo de seguida, ia ao quintal apanhar legumes frescos e fruta saborosa, que colocava cuidadosamente em cestos, que empilhava junto às bilhas de leite na sua carroça, puxada pela burra Geraldina, para depois vender no mercado da vila.
(7ºE, EBIASM)

Enquanto o meu avô se dirigia para o mercado da vila, a minha avó tratava da casa, ia à horta apanhar legumes frescos para o almoço e eu, que normalmente a acompanhava, aproveitava para trepar às árvores e para apanhar fruta para a nossa sobremesa. Depois, ajudava a minha avó com a cesta dos legumes e regressávamos a casa. Enquanto a minha avó fazia o almoço, eu divertia-me a brincar com o meu cão, que se chamava Farrusco, até ao regresso do avô para almoçarmos todos juntos.
(7ºF, EBIASM)

Ora, certo dia, o avô António atrasou-se e a comida arrefeceu assim como o nosso coração... A avó Deolinda, já desesperada, feita "barata tonta", temia o pior e em jeito de desabafo perguntava-me constantemente:
- Mário, onde se terá metido o teu avô?
(8ºE, EBIASM))

Então, chegada a hora do jantar, eu e a minha avó continuámos a estranhar a ausência do meu avô.
Quando já era noite cerrada, como não conseguia dormir, dirigi-me à cozinha e vi algumas gotas de sangue fresco, formando um rasto e decidi segui-lo.
Ao encontrar o meu avô ensanguentado e bastante ferido, deitado no chão da sala, perguntei-lhe:
(8ºD, Escola Básica N.º2)

- Querido avô, estamos assaz preocupados contigo, porque não vieste almoçar nem jantar, que te aconteceu?
- Mário, depois de ter vendido todos os produtos no mercado, de regresso aconteceu-me algo inesperado, fui assaltado e sovado pelo meu melhor…
- Avó, avó Deolinda, o avô está aqui na sala e desmaiou, vem depressa, avó, despacha-te avóóóó!!!
(8ºC, Escola Básica N.º2)


- Zé Mário, recordo ansiosamente o sofrimento estampado no rosto enrugado da tua bisavó já falecida enquanto assistia à dor atroz que o meu avô sentia ao perecer.
- Pai – disse Zé Mário – nunca chegaste a dizer-nos quem é que assaltou e sovou o meu bisavô António, o que sucedeu ao fiel Farrusco e à esperta e teimosa burra, que era manca e coxa.
- Mário, Zé Mário, Bernaldina e Farrusquinha, acabei de tirar o peru assado do forno e as batatas e o bacalhau já estão na mesa, venham jantar para abrirmos as prendas e à meia-noite assistirmos à Missa do Galo – chamou a minha esbelta esposa, Teresa de Miraflores.
(9ºD, EB N.º2)

Durante o jantar reinou um silêncio, que ninguém teve a coragem de quebrar. Comemos e, de seguida, abrimos os presentes. O meu filho abriu as prendas com entusiasmo, mas mal sabia ele o que iria acontecer naquela noite.
Depois da missa, confessei-lhe que nunca tive coragem nem oportunidade de desvendar o que tinha acontecido naquele triste dia.
(7.ºA, ES)

Dirigimo-nos à pequena casa de paredes brancas. Como o Zé Mário nunca lá tinha entrado, começou a remexer em tudo e a entrar em todas as divisões. Até que encontrou um sótão, do qual eu não tinha conhecimento…
(9.ºC, ES)

A partir desse dia, o meu grande objectivo foi encontrar o tal Josué. A pergunta do meu filho tinha que ter uma resposta e despertou em mim um desejo incontrolável de descobrir quem destruiu a vida dos meus avós.
- Feliz Ano Novo, Sr. Mário!! O homem que o senhor procura emigrou para a Alemanha depois de se ter despedido da nossa vila. E nunca mais voltou, nunca mais ninguém o viu… - informou, com voz sentida, o senhor Alfredo, dono do mercado que agora está no lugar da velha mercearia.
Nesse momento, o meu pensamento voou até à minha infância…
9ºB, ES

Foi então que me recordei do dia da morte do meu avô e da sua frase inacabada. Aí, juntei "as peças do puzzle" e percebi o que ele estava a querer dizer, que tinha levado uma sova do seu melhor cliente, o seu filho. Só havia uma coisa que me intrigava, qual razão do tal Josué para bater no seu verdadeiro pai? E será que ele sabia que estava a bater no seu verdadeiro pai? Tinha que desvendar este mistério, tinha de ir à Alemanha...
8.ºB, ES

O meu desejo tornava-se cada vez mais presente. Falei da carta à minha mulher, falei-lhe de Josué e do que aconteceu naquele dia, depois do meu avô ter ido ao mercado. Passado algum tempo, embarquei para a Alemanha em busca de respostas, levando na bagagem informações, dadas pelo sr. Alfredo, acerca da morada completa do presumível assassino do meu avô. Quem me recebeu foi uma mulher bela e jovem, que me disse ser neta de Josué. Expliquei-lhe os motivos da minha visita, mas infelizmente, o seu avô já tinha falecido. Fiquei destroçado, mas nem tudo estava perdido, pois Josué tinha deixado uma carta...
8.ºA, ES

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